Crítica | Alien: Romulus – Um retorno ao horror claustrofóbico no espaço

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Um retorno audacioso às raízes do horror claustrofóbico já consolidado pela franquia, é isso que Alien: Romulus marca. O filme dirigido por Fede Alvarez, tenta ressuscitar uma série que, ao longo dos anos, viu sua qualidade flutuar, incapaz de replicar o impacto dos primeiros clássicos. Não é perfeitamente, mas certamente Alvarez conseguiu entregar uma obra que faz jus ao legado.

Muitos cineastas já se aventuraram pelo universo de Alien, mas Alvarez não se contenta em apenas revisitar os elementos que fizeram sucesso no passado. Com uma certa ambição o diretor propõe algo além: uma reflexão sombria entre nossa relação com a tecnologia. Ambientado entre os eventos de Alien (1979) e Aliens: O Resgate (1986), Romulus explora a fusão entre o orgânico e o sintético, questionando o que significa ser humano em um mundo cada vez mais dominado por máquinas.

IA e Cinema

Um dos momentos mais impactantes do filme é a decisão de utilizar computação gráfica para trazer de volta à vida um ator falecido, uma escolha que não é um mero truque técnico. Ao reintroduzir Ian Holm através de IA generativa, interpretando o androide Rook, Alvarez não só homenageia o ator, falecido em 2020, mas também desafia o espectador a refletir sobre as implicações éticas e emocionais dessa prática no cinema moderno.

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Alien: Romulus

Fede Alvarez, declaradamente fã dos dois primeiros filmes da franquia, retorna ao básico: o terror visceral, a atmosfera sufocante e a luta pela sobrevivência. A trama se desenrola 20 anos após os eventos do filme original, seguindo um grupo de jovens trabalhadores de uma colônia de mineração que, sob condições quase escravagistas, decide arriscar tudo em um plano desesperado para escapar. Utilizando um androide obsoleto da Weyland-Yutani, eles invadem uma estação espacial para roubar leitos de criogenia. Essa narrativa não apenas ecoa os temas de exploração e opressão dos primeiros filmes, mas também os coloca no centro da ação, dando nova vida às questões sociais que sempre permeavam a franquia.

Fotografia e Som

Tecnicamente, Alien: Romulus brilha. A cinematografia de Galo Olivares é uma homenagem visual ao estilo que tornou a série icônica. As sombras angustiantes e a iluminação cuidadosamente calculada recriam a sensação de perigo constante, fazendo com que cada corredor escuro e cada espaço apertado se torne uma armadilha potencial. Essa atmosfera é complementada por uma trilha sonora imersiva e um design de som que elevam o terror a novos patamares, com o compositor Roque Baños prestando uma sutil homenagem à partitura original de Jerry Goldsmith.

Desfecho

No entanto, nem tudo é perfeito. Nos minutos finais, Alvarez aposta em uma reviravolta que, infelizmente, desvia do tom coeso que havia estabelecido até então. Esse final abrupto pode deixar uma sensação de frustração, lembrando os tropeços de filmes anteriores que tentaram inovar sem uma base sólida.

É bom?

Alien: Romulus é, em essência, uma obra que mistura sadismo e desesperança, disfarçada em um final que, superficialmente, pode parecer otimista. Mas a verdade é que, ao questionar o que resta de nossa humanidade em um mundo cada vez mais automatizado, o filme se estabelece como uma adição perturbadora e relevante à franquia. O que Alvarez nos deixa é uma questão desconcertante: se nos entregarmos à máquina, o que, afinal, sobrará de nós?

Trailer

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