A poeira baixou no Distrito Anhembi, mas a energia da Brasil Game Show 2025 ainda reverbera. Após quatro dias intensos, a 16ª edição da maior feira de games da América Latina encerrou suas atividades no último domingo (12), deixando um rastro de momentos inesquecíveis, anúncios promissores e algumas lições importantes para o futuro. Com o tema “Nova Fase”, o evento provou que a comunidade gamer brasileira é uma das mais apaixonadas do mundo, mas também expôs as dores de um crescimento que talvez tenha sido mais rápido que a própria estrutura.
Nós estivemos lá, navegando pelos corredores lotados e registrando tudo. A BGS 2025 foi uma experiência de dualidades: o êxtase de encontrar um ídolo e a frustração de uma fila interminável; a alegria de testar um novo console e a dificuldade de enviar uma simples mensagem de texto.
Os Deuses do Olimpo Gamer Desembarcam no Brasil
Não há como negar: a grande força desta edição foram seus convidados internacionais. E ninguém brilhou mais que Hideo Kojima. O lendário criador de Metal Gear e Death Stranding foi a personificação do carisma. Desde sua chegada, compartilhando nas redes sociais um brinde com caipirinha e churrasco, até sua participação como jurado no concurso de cosplay, Kojima abraçou o Brasil, e o Brasil o abraçou de volta.
Contudo, a paixão dos fãs esbarrou em uma organização conturbada. O Meet & Greet com o desenvolvedor se tornou o epicentro de uma polêmica. Com senhas distribuídas antes mesmo da abertura oficial dos portões no sábado, muitos fãs que viajaram de outros estados se viram sem a menor chance de encontrar seu ídolo. A falta de comunicação clara gerou aglomeração, filas falsas e uma onda de frustração que manchou a experiência de muitos.

Mas Kojima não foi o único a atrair multidões. A Square Enix presenteou os fãs de Final Fantasy com a presença de Naoki Hamaguchi, diretor de Final Fantasy VII Rebirth, e da lendária compositora Yoko Shimomura (Kingdom Hearts, Street Fighter II). Shimomura, visivelmente emocionada, recebeu o prêmio Lifetime Achievement Award, uma justa homenagem a uma carreira que embalou a vida de gerações de jogadores.
Nintendo Mostra o Futuro e as Marcas Apostam Alto
Se um estande definiu o “hype” da BGS 2025, foi o da Nintendo. Com uma área robusta dedicada ao aguardadíssimo Switch 2, a empresa criou filas quilométricas de fãs ansiosos para testar títulos como Donkey Kong Bananza e até mesmo uma versão de Cyberpunk 2077 no novo hardware. A Big N também reforçou seu carinho pelo mercado nacional com a campanha “Herança de Família”, mostrando que o Brasil é, sim, uma prioridade.
A conferência de abertura também deu o tom do evento, com uma enxurrada de anúncios: a TCL firmou parceria global com Call of Duty, a Arcor anunciou um mapa temático em Fortnite, e a Level Infinite trouxe o desafiador Boss Rush Challenge de Path of Exile 2. O mercado nacional também mostrou sua força, com a Warrior lançando a linha de periféricos “Be a Legend” e o estúdio Haipjo apresentando o shooter Unikiller.
A Experiência do Visitante: O Coração e o Calo do Evento
Andar pela BGS era um exercício de paciência e paixão. De um lado, a alegria contagiante de cosplayers. A Avenida Indie também trouxe pérolas como o nostálgico Incidente em Varginha Remastered e o aterrorizante A.I.L.A., provando o talento dos desenvolvedores brasileiros.
Do outro lado, os problemas estruturais eram evidentes. A lotação excessiva dificultava a mobilidade, especialmente para famílias com crianças, e o sinal de internet era praticamente inexistente. A ausência de gigantes como Sony e Xbox também foi sentida, deixando um vácuo que nem mesmo a forte presença de outras marcas conseguiu preencher completamente.
Impossível não comparar a estrutura atual com a do antigo local, o Expo Center Norte, a falta de um espaço mais amplo e organizado. As filas para jogar as principais atrações eram tão longas que muitos visitantes conseguiam experimentar apenas um ou dois jogos durante todo o dia.
Veredito: Uma Nova Fase que Precisa de Ajustes
A BGS 2025 foi um reflexo fiel do mercado de games no Brasil: gigante, apaixonado, barulhento e, por vezes, caótico. O evento acertou em cheio ao trazer nomes de peso que mobilizaram a comunidade e ao dar espaço para grandes marcas mostrarem seus próximos passos. No entanto, a experiência do visitante, que deveria ser o pilar de uma celebração como esta, sofreu com problemas logísticos que não podem ser ignorados.

Para que a “Nova Fase” seja verdadeiramente uma evolução, a BGS precisa crescer não apenas em público, mas em organização, comunicação e infraestrutura. A paixão dos fãs é a garantia do sucesso, mas é o respeito por essa paixão que transformará um grande evento em uma experiência verdadeiramente lendária. Já estamos ansiosos por 2026, na torcida para que as filas diminuam e os grandes momentos se multipliquem.
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