Após 10 anos no limbo, eles retornam às telonas. O Quarteto Fantástico está de volta, desta vez representando oficialmente o selo Marvel Studios — e não mais a Fox.
Depois de algumas adaptações questionáveis para o cinema (a última então, nem se fala), a criação de Jack Kirby e Stan Lee retorna de forma triunfal, finalmente trazendo a mais famosa família de super-heróis dos quadrinhos adaptada com respeito ao material original.
Não é surpresa para ninguém que, após a Saga do Infinito do MCU, os filmes da Marvel se tornaram menos interessantes, talvez pela grande quantidade de produções, que acabaram, por si só, afetando a qualidade. (Sim, estou aqui para falar de Quarteto Fantástico, prometo que chegarei lá.)
Essa gama de filmes e séries, com roteiros cada vez mais cansativos e com a necessidade de conexões para criação de algo maior, tornou a tarefa de “criar algo diferente dentro da Marvel” mais difícil — mas não impossível.
Uma vez percebido o problema, parece que a Marvel tem acertado mais em produções que não tenham tantas obrigações com o grande universo cinematográfico ou sagas específicas, como Guardiões da Galáxia Vol. 3, Thunderbolts e, agora, Quarteto Fantástico.
O Filme
Com uma história que se desprende de conexões com o universo compartilhado, temos um filme de origem que funciona muito bem sozinho e que, também, não necessita de meia hora de filme para explicar o que é o Quarteto Fantástico para quem está assistindo. Inclusive, a explicação é tão breve e sucinta que, mesmo para quem não sabe quem são Reed, Susan, Ben e Johnny, eles ficam bem apresentados.
Ele apresenta uma estética retrofuturista que remonta muito à época em que os heróis foram criados nas HQs, onde muito se via esperança e heroísmo na “conquista espacial”, com os astronautas. E eles são amados por todos nesse universo, onde atuam como heróis em diversas frentes: na ciência, na mídia, no combate a vilões e, até mesmo, politicamente.
O filme pode, de certa forma, decepcionar alguns que esperam muito por ação e pancadaria — parafraseando o Coisa, pela “Hora do Pau” —, pois o foco do filme, assim como nas histórias em quadrinhos do Quarteto, está na interação familiar, na resolução dos problemas encontrados no mundo, em contraste com as pequenas intrigas que toda família tem. As interações do filme lembram muito Os Incríveis (que era a melhor adaptação de Quarteto Fantástico já feita, mesmo sem sê-lo, hahaha), nas piadas, brigas e, por fim, nas conexões humanas.
Através do roteiro de Eric Pearson, Josh Friedman, Ian Springer e Jeff Kaplan, o diretor Matt Shakman fez um excelente trabalho em pôr em tela aquilo que importa, com bastante referências visuais aos quadrinhos — por exemplo, dando foco em como as pessoas, o mundo, enxergam a equipe — e ao espírito de cada um dos personagens e suas motivações, inclusive do vilão. Não é uma tarefa fácil adaptar essa família de super-heróis, haja vista que muitos antes tentaram e erraram mais do que acertaram, mas, dessa vez, conseguiram.
Os personagens do Quarteto Fantástico
Falar dos quatro heróis utilizando seus arquétipos não é muito difícil, e, dentro do filme, fica muito especificado que tentaram fazer isso da melhor forma possível. Aqui vemos um Reed inteligente, lógico e preocupado, que tenta não dar tanto foco à razão, mesmo essa sendo a sua essência como cientista. Em contraponto, vemos uma Susan que é o coração da equipe inteira e faz com que os objetivos da família estejam sempre conectados e equilibrados. Enquanto o Reed é razão, ela é a emoção.
Não vimos muito dos problemas do Coisa, apesar de que, com poucas cenas exclusivas dele, fica claro que ele ainda tem alguns problemas com sua aparência física. O Johnny Storm, por incrível que pareça, mostrou uma outra faceta que provavelmente não havia sido mostrada nos filmes anteriores. Aqui, apesar de termos um Johnny não mulherengo — no sentido de ficar dando ideia para toda e qualquer mulher — nem o modelo bad boy, vemos um Tocha Humana mais focado e centrado, inteligente (embora a equipe não espere isso dele), apesar de ainda ser brincalhão e ácido em certos momentos. Pode-se dizer que é o que se espera de um “astronauta”.
A Surfista Prateada foi um enorme acerto no filme. Trouxe drama, mostrou todo o seu potencial nos momentos certos e teve um papel muito maior do que qualquer fã esperaria em um filme do Quarteto, contracenando bastante com o Johnny Storm e sendo um excelente arauto para Galactus. Já Galactus é uma ameaça colossal ao planeta. Mesmo não tendo tantos momentos, ele tem seu foco e objetivo simples e único: sua fome o move, e isso basta. Quem quiser impedi-lo tem que ter força de vontade e poder para tal.
O filme tem alguns personagens de apoio que trazem um pouco mais de profundidade para cada um dos personagens — pode-se chamar de humanidade — que, como já disse anteriormente, fazem parte dos quadrinhos e também estão aqui, tornando cada um deles melhor.
No quesito uso de poderes, diria que o que menos utilizou seu poder foi o Sr. Fantástico, e a que mais teve foco foi a Mulher Invisível. Coisa e Tocha Humana tiveram uma participação parecida em relação ao uso de seus poderes.
Efeitos especiais e trilha sonora
Apesar de toda a “parafernalha” visual que um filme desse gênero traz para o cinema, vejo os efeitos visuais como um ótimo acerto. Se eu tivesse que dar uma nota, diria 8 de 10, pois, em poucos momentos, incomodou por estar “fake” demais. A trilha sonora também é um ponto positivo, pois trouxe emoção e carregou o filme muito bem nas cenas de ação — apesar de achar que o tema “FANTASTIC FOOOUR” ficará gravado no imaginário do público pelo resto do ano, por ser bem chiclete.
Pontos positivos e negativos
O filme é um grande acerto dentro do que se propôs a mostrar: uma família de super-heróis enfrentando problemas de heróis e familiares, além de dilemas éticos, como fazer uma “escolha de Sofia”. Seu ponto negativo está mais conectado ao ritmo da narrativa do que a todo o resto, mas isso não estraga a experiência em hipótese alguma.
Conclusão
Em resumo, Quarteto Fantástico marca não apenas o retorno de personagens icônicos, mas também o resgate de um espírito clássico da Marvel que andava esquecido: o de contar boas histórias com coração, propósito e personalidade. É um filme que entende sua essência, respeita suas origens e, ao mesmo tempo, entrega algo novo dentro de um universo que há tempos precisava de renovação. Se este for o novo caminho do MCU, talvez estejamos presenciando o início de uma nova era realmente fantástica.
Quarteto Fantástico estreia dia 24 de junho nos cinemas!
Trailer: