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Crítica | “É Assim Que Acaba” – Uma adaptação sensível, mas controversa

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Filmes baseados em livros são sempre um desafio; alguns conseguem agradar grande parte do público, enquanto outros passam bem longe disso. A adaptação cinematográfica do best-seller de Colleen Hoover, “É Assim Que Acaba,” chegou às telonas com a difícil missão de ser fiel ao material original enquanto explora temas complexos como a violência doméstica.

Nota: Antes de tudo, esteja ciente de que este texto contém spoilers.

Dirigido por Justin Baldoni, que também assume o papel de Ryle Kincaid, o filme se destaca pela sensibilidade com que trata o assunto, mas deixa espaço para controvérsias, assim como sua obra original, seria essa então uma adaptação bem realizada?

É Assim Que Acaba

Blake Lively, no papel de Lily Bloom, traz uma performance carismática e convincente, capturando as nuances de uma mulher que busca superar um passado traumático para construir uma vida nova. Sua química com Baldoni é palpável, e os dois conseguem transmitir a intensidade de um relacionamento que, à primeira vista, parece perfeito, mas que se revela perigosamente tóxico. Baldoni, como Ryle, é persuasivo em sua dualidade—um neurocirurgião charmoso que, aos poucos, revela seu lado abusivo. Assim como nos livros você se apaixona por Ryle junto com Lily, e assim como nos livros: “Quinze segundos. Só isso já basta para mudar completamente tudo sobre uma pessoa”.

A direção de Baldoni é cuidadosa em não romantizar o abuso. Os momentos de violência são tratados com a gravidade necessária, evitando o glamour ou a justificativa dos atos agressivos. A câmera explora a fragilidade de Lily, levando o espectador a vivenciar seus medos e dúvidas, em cenas que alternam entre a confusão inicial e a dolorosa clareza de sua situação.

Outros Personagens

Não tem como não mencionar uma das personagens mais divertidas do longa, Alyssa. Com toda sua graça, ela se torna a melhor amiga de Lily e, apesar de ser a irmã de Ryle, não deixa que isso interfira em como vai ajudar a amiga a passar por situações complicadas.

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Outro personagem importante é Atlas Corrigan—pausa dramática para um suspiro apaixonado—Brandon Sklenar trouxe toda a essência do Atlas dos livros para a telona. Nas cenas de flashbacks, Atlas é mostrado como alguém que teve uma infância difícil, abandonado pela mãe e vivendo em situação de rua, as circustâncias faz com que o personagem crie um vínculo profundo e empático com Lily. Os dois compartilham momentos de vulnerabilidade, mostrando uma conexão construída sobre confiança e cuidado mútuo.

“No futuro… Se por algum milagre você achar que é capaz de se apaixonar de novo… Se apaixone por mim.”

A presença de Atlas no filme e na vida de Lily contrasta com o relacionamento abusivo que ela tem com Ryle. Atlas, portanto, não é apenas um personagem do passado de Lily, mas uma representação do que ela merece e do que todos deveriam buscar em um relacionamento: respeito, apoio e amor genuíno.

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Controvérsias

No entanto, a adaptação toma algumas liberdades que podem dividir opiniões, especialmente no final. Enquanto o livro termina com uma concessão dolorosa, mas realista—onde Lily compartilha a guarda da filha com Ryle—o filme opta por uma resolução mais dramática, afastando a filha de Ryle completamente. Essa mudança pode ser vista como uma tentativa de evitar críticas de romantização do abuso, mas também cria uma narrativa que pode parecer incoerente, deixando a sensação de um ciclo não rompido, mas perpetuado.

A trilha sonora, com destaque para a música-tema de Taylor Swift, “My Tears Ricochet,” complementa bem o tom emocional do filme, elevando as cenas mais intensas. No entanto, a elegância na abordagem do tema da violência, embora necessária para alguns, pode parecer uma diluição do impacto que o livro teve ao confrontar diretamente o problema.

Considerações

É Assim Que Acaba é um filme que, apesar de suas imperfeições, cumpre sua promessa de entregar uma adaptação fiel, embora adaptada para um público talvez menos disposto a confrontar as duras realidades da violência doméstica. Para os fãs de Hoover, o filme é um presente que mantém a essência da obra, ainda que com algumas escolhas criativas que podem suscitar discussões. Para novos espectadores, é uma introdução envolvente, embora suavizada, a uma história que merece ser contada e refletida.

Trailer

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