Crítica | Maboroshi

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Primeiro longa-metragem produzido pelo estúdio Mappa, Maboroshi, chegou de fininho ao catálogo da Netflix e não decepciona. 

Escrito e dirigido por Mari Okada, marcando seu segundo filme na direção, após o elogiado Maquia: Quando a Flor Prometida Floresce (2018), Maboroshi consegue manter o elevado padrão estabelecido pela diretora. Além disso, faz jus ao que esperamos de uma animação do estúdio Mappa – ainda que as condições de trabalho oferecidas aos animadores estejam na berlinda após denúncias.

A história começa de maneira despretensiosa, marcando mais um dia aparentemente normal na pequena e pacata cidade de Mifuse, no Japão. Lá acompanhamos um grupo de garotos reunidos para estudar – e fazer uma pequena bagunça – quando, de repente, um grande estrondo é ouvido! Os meninos correm para ver o que houve, percebendo uma série de explosões vindo da siderúrgica local, seguido de um estranho brilho no céu.

Após isso, temos a impressão de que nada de mais ocorreu, com tudo não passando de mero susto. Porém, os personagens indicam haver sim algo de diferente… Sendo esse o primeiro sinal de um mistério pairando no ar.

A realidade é que a Mifuse ficou isolada do restante do mundo e, de alguma forma, literalmente presa no tempo. Não importam quantos dias, meses, ou anos se passem, todos permanecem exatamente como estavam no momento da explosão.

O protagonista da história é Masamune, um dos garotos presentes na cena inicial, e sob seus olhos percebemos que ele vive numa espécie de limbo, sabendo que tudo se mantém estático e que nunca irá crescer para perseguir seus sonhos e objetivos. Por isso, como era de se esperar, seus dias vão se tornando entediantes devido a falta de perspectiva.

Contudo, as coisas começam a mudar com o aparecimento de uma estranha e misteriosa garota, que parece incitar uma cadeia de eventos intrinsicamente conectados a cidade e ao próprio Masamune.

Um dos grandes pontos fortes do anime é não termos praticamente cenas desnecessárias, aqui quase tudo serve a um propósito: ou aprofundar os personagens, ou ajudar a passar mensagem pretendida. Da mesma maneira, não há pressa em expor de uma vez o que está se passando, nós, espectadores, é que vamos conectando os pontos a partir das interações e comportamentos dos personagens, deixando que eles guiem a história e não o contrário.

Em relação a animação e traços, achei toda parte visual simplesmente esplendorosa, aqui temos uma cena mais bonita que anterior. Ao longo do filme vemos cenários espetaculares e momentos únicos capazes de fazer cair o queixo. E, o melhor de tudo é terem aproveitado essa parte estética como uma forma de também ajudar a contar a história, não sendo apenas um mero colírio para os olhos.

Não posso também deixar de elogiar a trilha a marcante trilha sonora composta por Masaru Yokoyama (Fruits Basket, Mashle), que se encaixa muito bem tantos nos momentos mais íntimos, quanto nos grandiosos, servindo para aumentar ainda mais a experiência e, consequentemente, deixando tudo mais memorável.

No fim das contas, Maboroshi, que em tradução literal significa algo como fantasma, ou ilusão, consegue entregar uma história original e com fortíssimos elementos emocionais. O foco em tentar fugir de uma realidade ilusória e estagnada, abraçando a evolução pela qual passamos ao longo de nossas vidas, revela como a ausência desses sonhos e transformações retira parte daquilo que nos torna humanos. Afinal, a capacidade de superar o medo de mudar e rumar ao desconhecido é o que, de fato, nos faz evoluir.

Fica então a recomendação máxima para você conferir Maboroshi, nesse momento ainda disponível no catálogo da Netflix. E, não deixe também de conferir outras críticas aqui no Mestre!

 

 

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