A tão esperada terceira temporada aterrissou na Netflix, depois de apresentar um trailer repleto de promessas de suspense e histórias intrigantes. No entanto, ao assistir, é inevitável perceber que, embora Verônica tenha acordado, a série parece ter adormecido. Aqui vai uma perspectiva sincera.
A série:
Em meio à terceira temporada, enquanto Verônica persiste na busca por justiça após revelar um esquema de corrupção onde a própria polícia está envolvida e desmascarar um guru espiritual que abusa de mulheres, ela agora se depara com Jerônimo, um próspero criador de cavalos, e sua enigmática mãe, Diana. Ambos guardam mistérios sobre seus passados e sobre a fazenda que chamam de lar.
Opinião:
Anteriormente elogiada por entregar surpresas e construir uma narrativa envolvente, a série experimenta uma reviravolta, não para o bem. A adição de talentos como Rodrigo Santoro (Jerônimo) e Maitê Proença (Diana), que inicialmente parecia promissora, revelou-se apenas uma cortina de fumaça para esconder um roteiro desastroso.
A expectativa para a terceira temporada era palpável, considerando o histórico da série. Entretanto, o que se viu foi uma sequência de eventos que deixaram um gosto amargo na boca. A tentativa de causar impacto visual com produções de alto padrão tornou-se um mero disfarce para uma trama vazia e sem substância.
Em vez de surpreender, a série optou por uma jornada previsível e apressada, condensando a trama em apenas três episódios. Desde a primeira cena, ficou evidente que Jerônimo não estava ali por acaso, e a tentativa de envolver os telespectadores ao revelar a conexão direta de Verônica com o orfanato que investigou e desmantelou a máfia foi um fracasso. Faltou o necessário tempo, construção e substância para nos envolver até atingir o tão esperado fator “uau”. Os elementos potencialmente transformadores da série foram mal utilizados, resultando em uma narrativa apressada e superficial.
Apesar das frustrações, um ponto de destaque emerge: a atuação primorosa do elenco. Quero salientar três atores em particular. Mesmo que o grande realce da segunda temporada pareça ter sido encapsulado, Klara Castanho, na pele de Ângela, continua a nos proporcionar emoções. Sua interpretação durante as cenas com o pai abusador foi marcante, causando aquela sensação inquietante no espectador. Em relação ao pai, desempenhado por Reynaldo Gianecchini, ele mantém a entrega de um Matias vilanesco, porém um pouco mais perturbado nesta temporada. Sua atuação, em conjunto com Rodrigo Santoro, não deixa espaço para críticas quanto à entrega de ambos os personagens. Rodrigo Santoro, por sua vez, oferece exatamente o que esperávamos: um desempenho impecável com uma expressão corporal teatral única.
O encerramento da terceira temporada revelou-se não apenas decepcionante, mas uma verdadeira traição àqueles que acompanharam a série com lealdade. O potencial notável que ela possuía foi subestimado, ‘Bom dia, Verônica’ passou longe de ser triunfante, foi sufocada por uma narrativa desarticulada e carente de inspiração. Acredito que se não fosse pelos atropelos, teria entregado um final grandioso.
Conclusão:
Em última análise, não foi um bom dia para mim, pois finalizei a série com um gosto amargo de desilusão. ‘Bom Dia, Verônica’, que inicialmente prometia provocar reflexões profundas e impactar o público, perdeu-se em meio a escolhas de narrativas duvidosas, esvaziamento de pautas onde temas importantes e densos foram abordados de maneira superficial e pouco explorada, além de um desfecho atropelado que, ao invés de surpreender, apenas reforçou a sensação de vazio.