Rock in Rio | Por que ver o Foo Fighters?

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Que Dave Grohl é o ex-baterista da legendária banda Nirvana, todo mundo sabe. E que o Foo Fighters é um dos projetos mais bem sucedidos e honestos do Rock mundial, todo mundo também sabe. Ora, veremos os caras em algumas semanas em terras cariocas, no Rock in Rio. E você tem dúvidas de que esse é um show que merece atenção? Se sim, falaremos um pouco por aqui de motivos para ver Foo Fighters. Porém, falaremos não daqueles que todos sabem — mas daqueles de que ninguém fala.

Todavia, daremos uma abordagem mais técnica para aprofundar a ideia de ver a banda com base nas últimas apresentações. O show feito ontem na RDS Arena (em Dublin, na Irlanda) teve a lista de músicas divulgada no Setlist.fm. E é ela que analisaremos. Assim, veremos as músicas que mais esperamos, o motivo e algum approach técnico, harmônico e/ou de produção.

Enfim, vamos às músicas preferidas do último show?

All My Life

Além do refrão contaminante, essa música tem um ataque curto (o “baque” de entrada, em outras palavras) muito importante logo na entrada do segundo Riff. O tom em sol menor é bonito e grita sobriedade ao mesmo tempo em que a bateria tem uma vida muito grande. Bem… sendo o Dave Grohl legendário no instrumento, não ia ser diferente, certo?
Mas nada nessa música é mais legendário do que saber que essa música é sobre sexo…

Learn To Fly

Muitas pessoas tem uma relação muito importante com Learn to Fly. Esse é o motivo pelo qual a música, já petardo do Rock, foi a escolhida pro projeto onde mil músicos italianos a executaram ao vivo, para chamar a atenção da banda. Depois do viral daquele dia, Cesena recebeu o Foo Fighters em 03/11/2015. E o resto foi história. Isso sem contar o clipe espetacular de engraçado e piadista, além de vencedor de Grammy.
Além de uma harmonia linda em si (B), até a falta de um momento de ponte é capaz de dar ao refrão uma ênfase menor e balancear um pouco mais a música como um todo. E é exatamente essa a sensação que Learn to Fly passa no arranjo: ajuste, estabilidade, num mundo roqueiro de ataques ínfimos, explosão e volume desgovernado.

The Pretender

Essa aqui tem duas coisas muito claras.
A primeira é a sensação de preenchimento que a música passa ao ter várias alterações de dinâmica. Em outras palavras, trata-se da variação: um trecho dedilhado (lindo) de introdução, certo? Ok. E depois? Depois disso, uma introdução com uma guitarra gritando e a bateria “chamando”. Um verso com muitos drives do vocalista, Dave Grohl, e o baixo e o bumbo da bateria cortando junto com a outra guitarra. E tudo isso culmina num refrão berrado e sentimental.
A segunda é a harmonia. A sequência base da música (Am, G, F#, F) é amplamente utilizada em vários ritmos porque além de rebuscada, traz um pouco do cromatismo no baixo entre as notas depois da tônica, lá menor. Cromatismo sem dissonância, diga-se.

Times Like These

A introdução sozinha é uma música inteira. E o verso tem o tempo deliciosamente quebrado.
Pronto, não é preciso dizer mais nada.

Drum Solo -> Sunday Rain

Se o seu solo de bateria vem de Taylor ou Dave tanto faz, né? Você só sabe que será foda.
E Sunday Rain é a fase complexa da banda em estado bruto. Hawkins assume o vocal e a música tem uma pegada muito pouco costumeira do usualmente Foo. E esse respiro faz muito bem à banda.

Monkey Wrench

A música, que fala sobre o fim de um relacionamento vivido pelo vocalista, Dave, tem uma pegada Punk Rock. Power Chords, sizão. E na cara.
E um momento de virada na carreira da banda.

Best of You

A grande música da carreira da banda é reflexiva nas letras. Neste caso, o arranjo é iniciado num Power Chord de dó sustenido. Mas Best of You tem dois detalhes principais.

Antes do refrão, o grande ponto está com as cordas si e mi sempre soltas. E o resultado é acusticamente imbatível: as notas citadas são desferidas como na afinação do instrumento. Quando soltas, tornam o som maior, mais envolvente. Do mesmo modo, todo o trecho pré-refrão é quase como contar para a audiência como si e mi ressoam bem junto a dó sustenido, lá com nona e… si. De novo.

Já no refrão, o grande chamariz é a progressão oitavada dó sustenido, ré sustenido e mi, que se encerra num fá sustenido de voz mais alta. E enquanto isso, a banda volta harmonicamente com dó sustenido, si e lá, encerrando com um lindo fá sustenido mais baixo (como acorde de sustentação que é).

Fora a voz do Dave, que é catártica até não dar mais.

This is a Call

Em suma, é a primeira música do primeiro álbum da banda.
Além disso, é o tipo de coisa que você não toca no seu show. Você empunha, como uma bandeira. Afinal, sua bandeira.

Everlong

Neste caso, mais uma das músicas que expõem o potencial infinito dos acordes com sétima maior e os acordes com nona. O Jazz, a Bossa Nova e as grandes músicas ouvidas pela humanidade usam essas notas em algum momento. Porém, isso não estaciona o significado de Everlong.

E a versão original é ainda melhor!

Esse é o Foo Fighters!

E se você quer saber mesmo: a gente ainda não começou a falar do que é realmente importante. Que tal quatro prêmios Grammy de melhor álbum ao longo da carreira?

Afinal, você não vai perder o Foo Fighters, vai?

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