A Divina Comédia | Os 9 ciclos do inferno de Dante

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Um dos maiores clássicos da literatura, escrita no século XIV, “A Divina Comédia” é a obra mais popular de Dante. Cheia de camadas, a obra nos entrega referências culturais e religiosas sobre o Inferno e se destaca por sua riqueza de detalhes e simbolismo. Esta narrativa não só redefine o conceito de Inferno, mas também organiza os pecados e suas respectivas punições de uma maneira que influenciou profundamente a literatura e a teologia ocidentais. Mas você já conhece essa estrutura? Confira:

a divina comedia
Estrutura do Inferno de Dante

A Estrutura do Inferno de Dante em A Divina Comédia

Dante nos apresenta o Inferno como uma série de nove círculos, cada um mais profundo e aterrorizante que o anterior. Mas como esses círculos são distribuídos? Bom, de acordo com a gravidade dos pecados cometidos, uma ideia que ressoa com a teoria medieval de que o universo era composto de círculos concêntricos.

1. Limbo: O primeiro círculo é o destino dos não cristãos virtuosos e dos agnósticos não batizados. É um lugar de escuridão silenciosa, onde as almas vagam sem sofrimento físico, mas privadas da visão de Deus.

2. Vale dos Ventos (Luxúria): Aqui, os luxuriosos são arrebatados por furacões incessantes, simbolizando as paixões descontroladas que os dominavam em vida.

3. Lago de Lama (Gula): Os gulosos ficam atolados em lama suja e são incessantemente bombardeados por uma tempestade de granizo e neve, atormentados pelo cão Cérbero, uma metáfora da insaciabilidade de seus apetites.

4. Colina de Rocha (Ganância): Neste círculo, os gananciosos e pródigos empurram pesos de ouro contra seus antagonistas, refletindo suas vidas de excessos materiais.

5. Rio Estige (Ira): O Estige acolhe os iracundos e rancorosos. Os primeiros se batem e se torturam na superfície, enquanto os rancorosos ficam submersos na lama, sufocando em sua própria raiva contida.

6. Cemitério de Fogo (Heresia): Os hereges jazem em túmulos ardentes, um paralelo com a prática medieval de queimar hereges, simbolizando a eterna condenação daqueles que negaram a fé cristã.

7. Vale do Flegetonte (Violência): Dividido em três subcírculos, este vale abriga os violentos contra o próximo, contra si mesmos e contra Deus. Eles sofrem em rios de sangue fervente, transformam-se em árvores devoradas por harpias ou jazem sob uma chuva de fogo em um deserto abrasador.

8. Malebolge (Fraude): Este círculo é subdividido em dez fossos, cada um dedicado a um tipo de fraude, com punições específicas como ser imerso em fezes, enterrado de ponta-cabeça, ou torturado por demônios.

9. Lago Cocite (Traição): No círculo mais profundo, os traidores estão congelados no Lago Cocite. Suas punições variam conforme a gravidade da traição, desde ficar parcialmente submersos até completamente encapsulados no gelo. No centro do Cocite reside Lúcifer, que tortura eternamente Judas Iscariotes, Brutus e Cassius.

A Relevância de Dante Hoje

Dante Alighieri, guiado pelo poeta romano Virgílio, criou uma visão do Inferno que transcendeu sua época. Sua obra não só influenciou a arte, a literatura e a teologia, mas também moldou o imaginário popular sobre a punição e a justiça divina. A “Divina Comédia” permanece uma peça fundamental da cultura ocidental, oferecendo um mapa detalhado do sofrimento e da redenção humana.

Em cada círculo do Inferno, Dante nos lembra da complexidade do pecado humano e da justiça divina. Sua obra, ainda hoje, nos convida a refletir sobre nossas ações e suas consequências eternas.

Dica: Um dos grandes ilustradores de “A Divina Comédia” é o Gustave Dore, confira aqui algumas das suas ilustrações.

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